Viajar pela África é se despir dos preconceitos que a maioria das pessoas têm pelo continente. Um lugar incrível que você deveria conhecer e se surpreender.
A gente mesmo ouviu de muitas pessoas próximas (com muita preocupação) mil conselhos e cuidados que deveríamos ter ao viajar para lá. Mas tudo não passa de falta de conhecimento, a famosa ignorância mesmo.
Nunca ter ouvido falar da Namíbia, por exemplo, gera apreensão e desinformação. Sempre foi um país que eu quis conhecer, principalmente por ter lugares incríveis como o Etosha e o Sossusvlei, meus sonhos de viagem.
Mas o país está muito além disso. Envolto de imensas montanhas rochosas, cortado por várias dunas e também cercado por belas praias, tem um povo receptivo e altruísta. Eles também estão à nossa frente em muitos quesitos, por exemplo, 94% da população tem acesso à água potável.
Sabemos que o continente africano está entre os de menores índices de desenvolvimento, mas há países que querem quebrar este tabu e lutam por melhorar a vida dos habitantes. Vemos muitos exemplos ao longo dos anos como, por exemplo, a redemocratização da África do Sul.
Pronto para romper este preconceito e colocar a Namíbia no seu roteiro pela África?
A ideia inicial era conhecer a África do Sul começando por Joanesburgo e terminando em Cape Town. Mas, ao longo das nossas discussões sobre a viagem, decidimos desenhar um pouco mais no mapa e incluímos a Zâmbia, Zimbábue e Namíbia. Por um lindo “acidente do destino”, também conhecemos Botsuana e o que mais estávamos com vontade de ver por lá, o Chobe National Park, um dos maiores safáris do mundo.
Começando a nossa saga
Quando começamos a organizar nosso roteiro pela Namíbia decidimos que não poderia faltar algumas atrações do país. Primeiro, o Sossusvlei, o imenso deserto coberto de dunas e cercado de mistérios. Segundo: o parque Etosha, também um dos maiores safáris do continente africano.
O primeiro passo foi alugar um carro. E eu friso logo, é muito importante a locação de um 4×4, um pouco mais caro que os outros utilitários, mas muito importante para dirigir pelas areias e estradas de terra com um carro mais alto. As estradas também não chegam a ser coisa de outro mundo, no verão então, é bem tranquilo viajar por elas, porém, ainda sim é bem melhor transitar de camionete 4×4.
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Fizemos a reserva aqui do Brasil, pagando em Real. Bem mais fácil e sem sustos! Tudo certinho para chegar lá, pegar o carro e partir Namíbia afora.
Roteiro
Chegamos no aeroporto de Windhoek, capital da Namíbia, partindo de Cape Town. A imigração é bem tranquila, brasileiros não precisam de visto e não pagam para entrar no país, basta preencher uma guia de imigração, estar com a certidão internacional de vacina contra febre amarela. Daí é só carimbar o passaporte e seguir o itinerário.
Pegamos uma Hillux e partimos então de Windhoek para a nossa primeira parada no país africano, a cidade de Okaukuejo, intensos 440 km de distância.
Apesar de longe, a viagem até o nosso hotel, o Toshari Lodge, foi bem tranquila. Muitas barreiras policiais pelo caminho (pelo menos oito) e às vezes exigem o passaporte e a carteira internacional de motorista, também emitida no Brasil.
Algo a salientar deste percurso e de outros entre as cidades da Namíbia é que é sempre obrigatório a parada nas blitzes, todos os carros reduzem ao chegar perto delas, que são bem sinalizadas. E muitas vezes os policiais perguntam para onde estamos indo, outras vezes, eles exigem os documentos. O motivo? É que há ainda muito tráfico de marfim na região, portanto a polícia também pode pedir para dar uma olhada no carro. E estas batidas policiais geralmente atrasam bem a viagem. Mas mantenha a tranquilidade, em todas as paradas os oficiais foram muito educados e só fizeram o trabalho deles. Alguns até arriscaram em ser simpáticos conosco e também nos liberar mais rápido por estarmos vindo de tão longe.
Chegando ao nosso hotel, um pouco distante da civilização, o telefone que contratamos no aeroporto não funcionou, porém, todas as hospedagens contam com Internet sem fio, o que facilitou contato com a galera da nossa família.
Etosha Park
Não dá para descrever o sentimento de visitar o Etosha. Nós não fizemos safári na África do Sul e esperávamos ansiosos o dia de chegar neste que é um dos maiores do mundo. A Namíbia é praticamente coberta e desenhada entre desertos, montanhas de pedra e sofre, em alguns períodos do ano, com secas severas. Mas isso não tira do país a beleza e a diversidade dos animais da região. São zebras, elefantes, hienas, leões, leopardos, rinocerontes, entre muitos outros animais vivendo deste ciclo natural pela sobrevivência.
Para você ter ideia da dimensão deste lugar, ele tem 22.270 m². Isso significa que, somente o parque, é quatro vezes maior que o Distrito Federal.
Dá para ir com o seu próprio carro alugado e visitar o parque, mas eu não recomendo. Primeiro porque o local é muito grande, obviamente que você tomará todas as medidas de segurança, como NUNCA descer do veículo e travar as portas. Mas eu recomendo e garanto que o passeio será muito mais produtivo se você contratar no hotel os guias especializados.
Eles têm muito mais experiência, sabem onde encontrar os animais, estão acostumados a rastreá-los e ainda contam com comunicação entre colegas, que facilita muito quando eles localizam um leão e avisam para os outros guias. Pode ser um passeio até caro, mas você ficará o tempo que vai contratar para observar o comportamento destes atores principais dos programas famosos da National Geographic e Discovery Channel. Vale a pena o investimento.
Nós escolhemos ficar somente pela manhã, o que já rendeu fotos incríveis. Uma dica interessante é levar protetor solar, garantir o repelente, roupas leves e uma boa máquina fotográfica, com zoom.
Veja a postagem completa da nossa visita ao Etosha National Park.
Himba Village
No dia seguinte, nós conversamos com o mesmo guia que nos levou ao Etosha para nos acompanhar até a vila dos Himbas, que fica perto do nosso hotel. Este povo é um dos poucos seminômades existente no mundo, vivem em peregrinação e fincando acampamentos e vilas em alguns lugares por onde passam. Os Himbas são provenientes de Angola, têm seus próprios costumes, cultura e vestimentas. Bem peculiares ao seu povo.
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O que mais me chamou atenção na explicação do único membro da tribo que falava inglês é que os homens podem ter várias mulheres, que elas não usam água no banho e sim uma fumaça que sai de uma espécie de incenso. O chefe da tribo é responsável por manter o fogo sagrado, que fica localizado na porta de uma pequena cabana onde eles moram.
As mulheres mantêm a tradição dos cabelos longos – que são artificiais – pintura de pele e trabalham fazendo artesanatos para vender, enquanto os homens cultivam a comida e criam os animais que servem como alimento. Há uma espécie de travesseiro talhado em madeira que são utilizados apenas pelos homens da tribo, mas que são confeccionados artesanalmente pelas mulheres.
As crianças da tribo também são extremamente simpáticas. A Mariana brincou muito e se apaixonou pela Karipo, que retribuiu a curiosidade dela conosco com muitos abraços. Uma experiência incrível e que vai ficar pra sempre em nossas mentes. As crianças também são definidas pelos seus gêneros de acordo com o corte de cabelo. Na foto acima, onde a Karipo abraça a Mariana, podemos notar este caminho no cabelo, que define a criança como do gênero feminino.
Sossusvlei
Depois do check-out do nosso hotel perto do Etosha, seguimos caminho até Sossusvlei, com uma paradinha no shopping do centro da capital da Namíbia, Windhoek.
Este itinerário eu só recomendo para quem curte pegar uma longa estrada, pois esta viagem foi bem longa. De onde estávamos (próximos ao Etosha) até Windhoek são cerca de 420 km, mais de 4 horas de viagem. Contabilizados ao final deste caminho (até o hotel próximo a Sossuvlei) mais de 850 km. Haja chão!
Depois do almoço no shopping da cidade, seguimos para o final do destino, pouco mais de cinco horas em caminho difícil por ser misto entre estrada de asfalto e de terra. O que faz a viagem ficar mais longa, além das barreiras policiais pelo caminho.
Nós estávamos com tempo e disposição de fazer este percurso e não achamos perigoso nem difícil. O risco real são os animais que cruzam as ruas. Damos de cara com um ônix atravessando correndo em um dos trechos. No mais, o cuidado maior é com os inúmeros javalis que ficam comendo na beira da estrada e podem passar entre as pistas do nada. Mas, tomando cuidado, tudo fica tranquilo. Eu recomendo que as viagens entre as cidades do país sejam feitas pela manhã. Mais visibilidade e segurança.
Veja a nossa postagem completa sobre nossa viagem a Sossusvlei, o poderoso deserto da Namíbia
Windhoek
Até aqui podemos notar que o nosso tempo foi curto na Namíbia, por isso que fizemos estes trechos mais longos dirigindo de Norte a Sul do país em poucos dias. A parada final foi na capital. Um lugar muito bonito, bem sinalizado e tranquilo para dirigir. Nós passamos o último dia no hotel, descansando. Pegamos o carro na manhã seguinte, abastecemos e seguimos para o aeroporto onde acabou nossa saga pela África.
Abastecimento
Um conselho importante: encha o tanque do veículo sempre que tiver oportunidade, mesmo que tenha andado pouco. Ou quando avistar um posto de combustível na estrada ou ao passar por alguma cidade. Manter o marcador do medidor em cima é importante, pois há trechos que você vai andar muito e não vai ver postos de abastecimento. Adquira sempre este hábito para evitar problemas graves na sua viagem. Nestes estabelecimento há o costume de pagar uma gorjeta ao frentista, em torno de 10% do valor que você abastece.
Dirigindo
Como já relatei, nós gostamos de pegar estradas longas, dirigir e cortar os países conhecendo as cidades pequenas e observando cenários distintos. E isso não é diferente na Namíbia. O lugar é mágico, montanhas de pedras, dunas e tempestades de areia. Um ambiente bucólico no meio do nada. Na volta para Windhoek ainda passamos pelo Trópico de Capricórnio e registramos mais esta proeza de uma grata surpresa africana.
Lembrando: eles também usam a mão inglesa ao dirigir e a lógica é diferente da nossa, no Brasil. Observar sempre os outros veículos é uma maneira de evitar problemas envolvendo nossos costumes nas cidades em que moramos. Portanto, olhe e siga. A mão que a gente trafega é pela esquerda, aquela que geralmente usamos aqui no Brasil para ultrapassar ou para trânsito rápido. Lá a lógica se inverte.
Hospedagem
- Toshari Logde – trata-se de um hotel bem completo à beira da estrada, ficamos aqui para realizarmos o safári no Etosha e visitar as Himbas. O café da manhã é saboroso e você pode comprar por um preço justo o almoço e o jantar. Esteja preparado para comer carne de caça, que é típico da região.
- We Kebi Safari Lodge – Também um lugar longe da civilização, próximo ao Sossusvlei. A pensão é completa e o preço é honesto. Tem piscina e os bangalôs no meio do deserto são atrações à parte. A noite no lugar é maravilhosa e dá para observar as estrelas e a lua.
- Windhoek Gardens Boutique Hotel – O hotel fica no centro de Windhoek e é um ótimo custo-benefício. Bem localizado, organizado e bonito. O café da manhã também é muito completo e eles contam com eventos estilo hostel. Nós participamos de um churrasco muito gostoso, divertido e bem servido. O bar deles também servem boa cerveja, boa comida e muita simpatia.
Agora é hora de partir e desbravar a Namíbia. Use os comentários abaixo para tirar suas dúvidas, dar dicas ou falar com a gente.
Boa viagem!
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Utilissima contribuicao!Sonho en fotografar especialmente o deserto das arvores retorcidas,muituo emblematicas!
Qual epoca do ano e ideal (estacao seca e ensolarada,)?
Parabens pela jornada!
Oi, Michel. Tudo bem? Fui ao Sossusvlei no mês de dezembro, e o clima é de verão. Foi uma das experiências mais loucas da minha vida visitar lá e passar 6 dias na Namíbia. Aproveite a sua viagem e veja outros posts aqui sobre a nossa aventura na Namíbia. Abraço!